Saudades do "e se?" !¡
Já sentiu saudade de algo que nunca nem chegou a acontecer?Pois é, eu também, na verdade eu ainda estou sentindo e tentei descrever aqui como estou me sentindo. Pega o cafezinho, que esse ficou longo
É difícil explicar a dor de perder algo que nunca se teve. Parece paradoxal, mas talvez essa seja a dor mais difícil de lidar. Quando a gente se vê à deriva de um sentimento que não foi sequer vivido, mas que tomou conta de todo o nosso ser, é como se estivéssemos num limbo, entre o que poderia ter sido e o que jamais será. E o mais angustiante disso tudo é perceber que a saudade não tem uma memória de onde se originou, porque o que estamos sentindo não é um adeus, nem o fim de uma história real. É o lamento pelo que nunca chegou a acontecer.
A dor de algo que nunca existiu, mas que a gente acreditou, sentiu, esperou e se entregou, é a mais cruel das dores. Ela não se apresenta de maneira óbvia, como um término, com palavras que marcam, com uma despedida que traz um fechamento. Não há o alívio de um ciclo que se encerra. O que temos é um eco. Uma sensação de que algo foi roubado de nós, mesmo que, em verdade, nunca tenha sido realmente nosso. Quando você olha para trás, não encontra um rosto, nem uma memória de toque. Encontra apenas o vazio de algo que poderia ter sido, mas nunca foi. E isso dói de uma maneira tão profunda que, muitas vezes, não sabemos nem como lidar com ela.
É uma saudade do que não foi. Uma saudade que não tem nome, nem rosto, mas que se instala no peito como se fosse algo real. Algo que poderia ter acontecido, mas que ficou preso no tempo das possibilidades não realizadas. E a gente se pergunta: como pode doer tanto algo que nunca aconteceu? Como pode pesar tanto um sentimento que nunca teve um início ou fim? Talvez a dor esteja justamente nisso. Está no desejo não realizado, na história que nunca se escreveu, nos planos que nunca saíram do papel da nossa mente. É a frustração de querer algo com tanta intensidade, mas não poder sequer chamá-lo de "algo".
A saudade do que nunca existiu é a mais traiçoeira de todas. Ela não se resume a uma falta, mas a uma sensação de que houve um erro do destino, uma promessa quebrada que a gente inventou para si mesmo. É a perda do que jamais foi, mas que, por algum motivo, ganhou forma em nossa imaginação. A nossa mente, com sua capacidade infinita de criar, construiu castelos no ar e, de alguma forma, a gente se apegou a esses castelos como se fossem reais. Quando a gente percebe que a realidade não pode e nunca vai alcançar aquilo que criamos dentro de nós, a dor se faz presente, sem razão lógica, sem justificativa. Ela simplesmente é.
Não se trata de querer de volta o que se perdeu, porque, na verdade, Trata-se de aceitar que o que a gente sentia nunca esteve ao nosso alcance. E a tristeza vem não porque a gente perdeu algo, mas porque o que sentimos foi só um reflexo do que poderíamos ter vivido, se as circunstâncias tivessem sido diferentes. A saudade do que nunca existiu é a saudade de uma possibilidade, uma promessa que nunca se concretizou.
E, em algum nível, talvez essa dor seja mais difícil de lidar do que a dor de um término real. Porque o término vem acompanhado de uma explicação, de um motivo, de um fechamento. A dor de perder algo que nunca existiu não tem razão de ser. Não há palavras que expliquem. Só existe o vazio, e esse vazio se preenche com a saudade do que não se deu. O fim do que nunca existiu é como o vento: não podemos tocá-lo, mas sentimos sua falta. E é essa falta que ecoa, que persiste, que teima em se mostrar. Não há despedida, nem alívio, só a dor do que não chegou a ser.
E essa saudade, mesmo sem ter uma forma, vai deixando sua marca, porque ela não é apenas o lamento por algo que não aconteceu. Ela é o reconhecimento de que, em algum momento, acreditamos que poderia ter acontecido. E essa crença, por mais efêmera que tenha sido, deixa uma cicatriz. O que nos resta é aprender a viver com a ausência do que nunca foi, e talvez esse seja o maior desafio de todos.



amei seu texto! 💓